Como conversar sobre o uso do álcool com crianças e jovens.

Tratar de certos assuntos com os filhos nem sempre é simples. E o consumo do álcool é uma dessas situações. O que falar? Como se comportar?
São perguntas de difícil resposta. Não existe nenhum curso que ensine como evitar que seu filho beba. Mas há modos mais eficazes de se comunicar com crianças e adolescentes sobre o tema.

O melhor caminho é se preparar. Para isso, fizemos aqui um resumo do guia "Como falar sobre o uso de álcool com seus filhos", obra lançada em 2005 pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) com o apoio da Ambev.

O guia, como bem lembra o Cisa, está longe de ter a pretensão de resolver o problema. É apenas uma ferramenta de apoio para orientar pais e educadores.

Veja logo abaixo nosso resumo do livreto, com orientações por faixa etária dos filhos. As informações estão baseadas na cartilha "Be prepared to talk to your children about alcohol", da ONG canadense Éduc'alcool.
O que dizer a filhos de qualquer idade:
Não há idade ideal para ter uma conversa com seus filhos sobre o consumo de álcool. Desde pequenos, eles aprendem a imitar o comportamento dos pais. E já sabem associar a bebida a certos atos. Se não forem psicologicamente preparados, podem crescer acreditando que esse é o comportamento a ser seguido.
Vale lembrar que, quanto mais cedo começar a beber, mais precocemente a criança poderá ter problemas com o álcool. Portanto, nunca é cedo demais para começar a falar com seu filho sobre este tema.
Dê você o exemplo. Tenha uma relação aberta com seus filhos, e eles terão mais facilidade de conversar com você.
Filhos de 8 a 11 anos:
Ao contrário do que muitos imaginam, crianças entre 8 e 11 anos são capazes de ter curiosidade de consumir bebidas alcoólicas. E existem ocasiões que facilitam o acesso às bebidas, caso das festas familiares, por exemplo.

É possível que seu filho peça um gole da bebida - para você ou para outra pessoa. E não há uma única maneira para lidar com essa situação. Há quem deixe os filhos "molhar os lábios" para sentir o gosto da bebida. Outros proíbem e alertam ainda ser muito cedo.
A decisão é dos pais. Mas não se esqueça que a venda de álcool é proibida para menores de 18 anos. E que o consumo desse tipo de bebida, ainda que em doses pequenas, pode trazer prejuízos para o desenvolvimento da criança.
Por isso, é importante que os pais tomem uma posição conjunta e se mantenham fiéis a ela. Nunca deixe seus filhos sozinhos por muito tempo sem supervisão adulta.
É importante lembrar ainda de ocasiões como festas infantis em que você não estará presente. Certifique-se de que existam atividades de entretenimento, de que haja bebidas não alcoólicas (sucos, refrigerantes) e de que o evento tenha a supervisão de um ou mais adultos. Eles não precisam ficar de olho a cada segundo, mas devem estar presentes.


Filhos de 12 a 14 anos:
Pesquisa realizada em 35 países constatou que a idade média em que os jovens ficaram bêbados pela primeira vez foi de 13,6 anos para meninos e de 13,9 anos para meninas.
Essa é a idade em que os adolescentes começam a testar a autoridade dos pais. Portanto, a vigilância é fundamental. Lembre-se de que você mesmo, ou amigos seus, testaram os pais quando estavam nessa fase da vida.
Não adianta entrar em pânico. Nem se desespere com a possibilidade de seus filhos beberem escondidos. Em vez de se preocupar, mas não fazer nada, converse com eles. Explique todos os riscos associados e os efeitos que a bebida provoca no corpo.
Caso você resolva permitir o consumo, faça um acordo sobre quantidade, tipo e situações em que o consumo será tolerado. Estabeleça limites. E cobre o cumprimento.
Lembre sempre ao seu filho que a lei proíbe a venda de bebidas para menores. E que se ele se tentar comprar pode ter complicações com a polícia, o que envolverá os pais como responsáveis legais.
Lembre-se: o álcool pode ser prejudicial ao seu filho mesmo se ingerido em pequenas quantidades. Cada corpo responde de uma forma diferente aos efeitos da bebida.
Filhos de 15 a 16 anos:

 
Lembra quando você dizia para seus pais a frase "você não manda em mim"? É grande a possibilidade de seus filhos adolescentes repetirem o discurso. E hoje você sabe que é seu papel orientar e proteger os jovens.

Filhos de 17 a 18 anos:

Jovens nessa faixa etária afirmam constantemente sua identidade. E sofrem pressão dos amigos para replicar comportamentos. O que, definitivamente, nem sempre é positivo. Em festas e encontros, todos querem beber bastante. E muitos passam dos limites.
Lembre seus filhos sobre os limites demarcados. Eles devem respeitar os acordos feitos, mesmo agora, que estão mais crescidos. É essencial que você saiba sempre onde - e com quem - eles estão. Mostre interesse pelos assuntos deles. Dê apoio sempre que pedirem, quando for algo que você considere importante.
Filhos, claro, sentem quando os pais estão ausentes. E procuram preencher essa lacuna de outros modos. Ser presente não significa ser controlador. Vale mais ouvir, entender os pontos de vista e perceber como eles encaram o mundo.
Recorde-se: os pais que estabelecem limites e, ao mesmo tempo, são bons ouvintes, protegem os jovens dos riscos associados ao consumo de álcool, diferentemente daqueles que são apenas autoritários.
É comum que os jovens entre 17 e 18 anos não se preocupem com o que os pais pensam. Momentos de lazer e a necessidade de afirmação diante do grupo, entre outros fatores, podem ter influência na decisão de beber.
O importante é esclarecer. Converse com seu filho sobre as consequências de beber no trabalho, na escola, enquanto pratica esportes ou dirige.
Lembre a ele que, se for dirigir, jamais deve beber. E de que a legislação brasileira não permite a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos.
                                                                            O que diz a lei brasileira:
A lei brasileira proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.

Não há, no entanto, uma lei no país que regulamente a idade de início de consumo. Cabe aos pais decidir o que consideram melhor para os seus filhos.

A orientação do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, o Cisa, é de que o álcool não deve ser utilizado por crianças e adolescentes porque pode trazer prejuízos ao desenvolvimento de menores.


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